Com prazos cada vez mais curtos e recursos financeiros mais restritos, a necessidade da elaboração de um cronograma de obra cada vez mais assertivo tornou-se via de regra para novos empreendimentos na construção civil. Os profissionais e empresas da área procuram ferramentas e metodologias que possibilitem que o cronograma seja um documento confiável e que permitam a tomada de decisões estratégicas antes e durante a execução do empreendimento.
A partir de análises de comportamentos humanos para execução de alguns serviços, no qual há aumento da eficiência de acordo com a experiência, surge uma dessas metodologias de aplicação em planejamento: a curva de aprendizado.
A metodologia, presente em diversas atividades profissionais onde há melhoria contínua, como, por exemplo: medicina, aeronáutica e esportes, começou a ser utilizada no setor da construção civil na década de 80.
O efeito de aprendizagem, representado graficamente pela curva de aprendizagem, só é possível se o trabalho for essencialmente idêntico e repetitivo, não havendo interrupções durante o processo, nem alterações do método executivo.
OS DIFERENTES MODELOS MATEMÁTICOS E O GRÁFICO
Existem diversos modelos matemáticos de curva de aprendizado: Linear, Stanford B, Cúbico, Exponencial e Segmentado. Não existe um modelo satisfatório da curva de aprendizagem para todos produtos ou atividades de grandes indústrias, deve-se analisar quais fatores afetam a taxa de aprendizagem, calcular os parâmetros do modelo da curva e quantificar o efeito de baixos desempenhos.
Para a construção civil, o mais recomendado é o modelo linear, por prover a melhor correlação entre desempenhos atuais e passados, além ser historicamente o modelo mais utilizado.
O gráfico, no método linear, possui as seguintes informações: eixo X - unidades de execução; eixo Y – Tempo ou homem-hora por unidade.
Fonte: Tese Madalena Osório Leite: A utilização das curvas de aprendizagem no planejamento da construção civil
Os pontos marcados no eixo cartesiano são gerados a partir de planilhas e dados captados na obra e são a partir deles que se desenha a linha de tendência/aprendizado.
A APLICAÇÃO NOS DIFERENTES SERVIÇOS DE UM EMPREENDIMENTO
A escolha dos serviços no qual serão aplicados a curva de aprendizado leva em consideração a importância do serviço e sua repetição no decorrer da obra. Soma-se a isso a análise dos itens de maior custo no orçamento na obra.
Serviços que ocorrem em grandes quantidades (volume e duração considerável) em todos pavimentos e que a execução não é alterada devem ser estudados, garantindo assim maior representatividade em uma redução de prazo e custo. Temos como exemplo, se respeitadas as características acima, alguns dos serviços em que se é possível aplicar a curva de aprendizado na construção civil: alvenaria, drywall, revestimentos de parede, piso e teto, estrutura (em obras com pavimentos tipo), entre outros.
Existem ainda outros fatores que devem ser garantidos para confiabilidade da aplicação da metodologia, como: manter a mesma equipe na execução dos serviços, o fornecimento dos materiais deve ser garantido, tal como a logística de transporte da equipe.
CONCLUSÃO
Sendo as curvas de aprendizado consequência da atuação das equipes no desenvolvimento dos trabalhos e demonstrando seus desempenhos ao longo do tempo, a metodologia serve como base para análise de produtividade de empreiteiros. Além disso, outro subproduto da aplicação da curva de aprendizado é o estímulo das equipes a busca por melhores formas de execução dos serviços.
A sua aplicação em grandes empreendimentos, aonde há a execução de diversos serviços repetitivos é válida e o acompanhamento realizado de forma correta pode trazer diversos benefícios a todos envolvidos no projeto, como: diminuição do prazo, diminuição do custo, qualidade e segurança.
Referências - Fonte: Tese Madalena Osório Leite : A utilização das curvas de aprendizagem no planejamento da construção civil
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