Gerenciamento de Riscos do Projeto

O que é o Risco

O risco é um evento (aleatório, futuro e independente da vontade humana) que se ocorrer pode vir a causar impactos no projeto, podendo estes resultados serem negativos ou positivos. Cabe ao Gerente de Projeto e a equipe, minimizar e até mesmo eliminar a ocorrência de eventos com impacto negativo, bem como, maximizar a probabilidade de eventos com impacto positivo ao projeto.


Origem do termo

A palavra risco deriva, originalmente, do italiano antigo risicare, que quer dizer ousar (Bernstein, 1997) e, no sentido de incerteza, é derivada do latim risicu e riscu. Neste contexto, a palavra risco deve ser interpretada como um conjunto de incertezas encontradas quando ousamos desenvolver algo, e não apenas como um problema ou algo que tenha um impacto negativo.


Onde é mais usado

O gerenciamento dos riscos está mais desenvolvido em áreas como finanças, tecnologia da informação e companhias seguradoras, mas riscos existem em toda a parte e em todos os segmentos. Gerenciar os riscos consiste em identificar as possíveis incertezas e tentar controlá-las. Se tudo fosse puramente uma questão de sorte ou azar, o gerenciamento dos riscos não teria sentido, e analisar tendências tampouco. Neste contexto, sem dúvida alguma no gerenciamento de projetos da Construção Civil, o gerenciamento de riscos é uma matéria de grande importância.


Convenções


O gerenciamento de riscos é um tema essencial, sendo abordado nas mais importantes convenções conforme relaciono a abaixo, seguindo de suas interpretações de acordo com cada abordagem:


PMBOK®- 5ª Edição: Gerenciamento de riscos é o processo de identificação, análise, desenvolvimento de respostas e monitoramento dos riscos em projetos, com o objetivo de diminuir a probabilidade e o impacto de eventos negativos e aumentar a probabilidade e o impacto de eventos positivos. É a oitava área de conhecimento em projetos, e passa por todos os processos de gerenciamento (Iniciação, Planejamento, Execução, Controle e Encerramento).


PRINCE2™: No contexto de um projeto, são os objetivos do projeto que estão em risco. Eles incluirão concluir o projeto em conformidade com determinadas metas. Este tema, refere-se à aplicação sistemática de procedimentos às tarefas de identificar e avaliar riscos, e depois planejar e implementar respostas a eles, fornecendo um ambiente disciplinado para um processo decisório proativo. É o oitavo tema do projeto a ser gerenciado e apoia a quase todos os princípios do PRINCE.


Norma ABNT ISO 31000: Efeito da incerteza nos objetivos.

Nota 1: Um efeito é um desvio em relação ao esperado – positivo e/ou negativo;

Nota 2: Os objetivos podem ter diferentes aspectos (tais como metas financeiras, de saúde e segurança e ambientais) e podem aplicar–se em diferentes níveis (tais como estratégico, em toda a organização, de projeto, de produto e de processo);

Nota 3: O risco é muitas vezes caracterizado pela referência aos eventos (2.17) potenciais e às consequências (2.18), ou uma combinação destes;

Nota 4: O risco é muitas vezes expresso em termos de uma combinação de consequências de um evento (incluindo mudanças nas circunstâncias) e a probabilidade (2.19) de ocorrência associada;

Nota 5: A incerteza é o estado, mesmo que parcial, da deficiência das informações relacionadas a um evento, sua compreensão, seu conhecimento, sua consequência ou sua probabilidade.


Processos de Gerenciamento dos Riscos do Projeto


Segundo o PMBOK®- 5ª Edição, o gerenciamento dos riscos do projeto inclui os processos de planejamento, identificação, análise, planejamento de respostas, monitoramento e controle de riscos de um projeto. Seu objetivo é maximizar a exposição aos eventos positivos e minimizar a exposição aos eventos negativos. Sendo assim, é importante destacar os principais pontos desta área do conhecimento a serem conduzidas no decorrer do processo de gerenciamento do projeto:


1.    Planejar o gerenciamento dos riscos: definir como conduzir as atividades de gerenciamento de riscos para o projeto.

2.    Identificar os riscos: determinar quais riscos podem afetar o projeto e documentar suas características.

3.    Realizar a análise qualitativa dos riscos: Avaliar a exposição ao risco para priorizar os riscos que serão objeto de análise ou ação adicional.

4.    Realizar a análise quantitativa dos riscos: Efetuar a análise numérica do efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto.

5.    Planejar as respostas aos riscos: Desenvolver opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto.

6.    Implementar respostas aos riscos: implementar as respostas planejadas em Planejar as respostas aos riscos.

7.    Monitorar os riscos: Monitorar e controlar os riscos durante o ciclo de vida do projeto.


Composição de um Risco


Todo risco tem, obrigatoriamente, sete componentes básicos:


1.    O evento em si, no qual deve ser identificada a causa raiz (fonte) do risco, bem como seu efeito (consequência);

2.    Uma probabilidade associada (escala de 10% a 90%);

3.    Um impacto (escala de 10% a 100%);

4.    Um tipo (Interno ou Externo);

5.    Uma classificação (Ameaça se for negativo, ou Oportunidade se for positivo);

6.    Uma prioridade (Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta);

7.    Um status (Aberto ou Fechado).


Risco se relaciona com todas as áreas de conhecimento e impacta em todos os processos de gerenciamento de projetos;


O Gerenciamento de Riscos para funcionar, deve ser encarado como uma competência organizacional a ser desenvolvida e deve ser atribuída a toda a equipe de gerenciamento de projeto;


Grande parte dos riscos com maior potencial de melhorar os resultados do projeto, ou de impossibilitar o seu atingimento está ligado a riscos cuja origem estão em comunicações, escopo, partes interessadas e recursos humanos;


Riscos são “vivos” e, portanto, estão em constante mutação, logo deve ser assunto obrigatório em todas as reuniões de projeto.


A seguir relaciono as definições fundamentais para o bom entendimento sobre o gerenciamento de riscos:


1 - Risco Interno: Incertezas que estão ligadas a fatores internos ao ambiente de gerenciamento do projeto.

2 - Risco Externo: Incertezas que estão ligadas a fatores externos ao ambiente de gerenciamento do projeto.

3 - Ameaça: São incertezas que podem reduzir as chances de sucesso do projeto, ou riscos do tipo negativo.

4 - Oportunidade: São incertezas que podem aumentar as chances de sucesso do projeto, ou riscos do tipo positivo.

5 - Gatilho de Risco: É o sinal de que determinado risco está prestes a acontecer.

6 - Tolerância a Riscos: É a disposição para assumir riscos em determinado grau.

7 - Apetite de Riscos: É o grau de incerteza que se está disposto a assumir, em antecipação de uma recompensa.

8 - Risco Residual: É o risco que permanece, mesmo após a implementação de uma resposta e geralmente são aceitos, pois possuem probabilidade e impactos muito baixos.

9 - Risco Secundário: São gerados a partir de um risco conhecido ou desconhecido a partir da implementação de uma resposta.

10 - Reserva de Contingência: Reserva financeira para os riscos identificados.

11 - Reserva Gerencial: Reserva financeira para os riscos não identificados e que podem vir a ocorrer.

12 - VME: Valor Monetário Esperado, é o valor de contingência para o risco, calculado através da multiplicação do impacto pelo valor da tarefa.


Inúmeras são as ferramentas utilizadas para o gerenciamento de riscos do projeto. A seguir relaciono algumas delas: Análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças (SWOT), Análise de listas de verificação, Análise de premissas, Análises de variação e tendências, Auditorias de riscos, Avaliação da urgência dos riscos, Avaliação de probabilidade e impacto dos riscos, Avaliação de qualidade dos dados sobre riscos, Categorização de riscos, Estratégias de respostas de contingência, Estratégias para riscos negativos ou ameaças, Estratégias para riscos positivos ou oportunidades, Matriz de probabilidade e impacto, Medição de desempenho técnico, Reavaliação de riscos, Reuniões de planejamento e análise, Revisões de documentação, Técnicas de coleta de informações, Técnicas de coleta e apresentação de dados, Técnicas de diagramas e Técnicas de modelagem e análise quantitativa de riscos.


No exemplo abaixo, apresento o uso de uma destas ferramentas (*):



(*) Imagem extraída de nossa plataforma de Inteligência de Engenharia - DOXMANAGER®.


Através desta ferramenta o levantamento dos riscos identificados é demonstrado de forma visual, para que o Gerente de Projetos consiga visualizar a probabilidade x impacto divididos em dois quadrantes:


Quadrante Esquerdo: São posicionados os riscos que impactam negativamente o projeto, de forma que o resultado esperado venha sofrer interferências das variáveis de custo, prazo, qualidade ou escopo;

Quadrante Direito: São posicionados os riscos que impactam positivamente o projeto, de forma que o resultado esperado supere as expectativas;


Conclusão


Podemos dizer, que o espectro do gerenciamento de riscos não cobre a total certeza, nem a total incerteza, abrangendo, no entanto, um espectro de incerteza previsível, que contempla a maior parte do que pode ocorrer nos processos de gerenciamento de projetos e execução de obras. Em resumo, o risco é um evento que você está prevendo que poder vir a acontecer, mas se ele aconteceu não é um risco e sim um ISSUE. (*)


(*) Evento relevante que aconteceu, não foi planejado e requer ação de gerenciamento.


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Um abraço e até o próximo artigo.




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Autor: Alexandre Abdala  - Diretor Administrativo Financeiro na DOX Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Imobiliário. 

Administrador de Empresas com 11 anos de experiência na área Financeira, Controladoria e Tecnologia da Informação em empresas de pequeno, médio e grande porte nacional e multinacional nos segmentos da Construção Civil, Tecnologia da Informação, Indústria, Serviços e Varejo. Membro associado do PMI - Project Management Institute, do IPMA - International Project Management Association e certificado na metodologia inglesa de gerenciamento de projetos PRINCE2 Practitioner.

Imagens: Reprodução/Divugação.